Seus rins trabalham em silêncio. Quando falham, o alerta chega tarde. A perda da função costuma ser lenta, invisível e, muitas vezes, irreversível.
Pense neles como estações de tratamento de água, filtrando impurezas sem parar. Cuidar dos seus rins hoje é evitar a pane amanhã.
Antes de seguir: entender o néfron agora pode definir a saúde dos seus rins no futuro.
🔬 Além do Óbvio: Como Seu Corpo Funciona
💎 A unidade básica do rim: o néfron
Cada rim guarda milhões de néfrons, que são suas minúsculas estações de filtragem. Cada néfron faz um trabalho pequeno, mas o conjunto sustenta o funcionamento dos rins e o equilíbrio do corpo.
Pense no néfron como uma linha de filtragem. Primeiro vem a peneira (glomérulo). Depois, a estação que resgata o que é valioso (túbulo proximal). Em seguida, a serpentina que concentra o que sobra (alça de Henle). Mais adiante, a última estação de ajustes finos (túbulo distal). E, por fim, a torneira que decide quanta água o corpo vai guardar ou eliminar (ducto coletor).
Hoje vamos focar nas três primeiras porções do néfron, e em estratégias para melhorar o funcionamento do rim.
Veja na imagem o caminho do líquido filtrado pelo rim até virar urina:

🔵🟠 Passo a passo do caminho da urina
🔵 1. Glomérulo = a peneira
O sangue chega ao glomérulo: passam água, aminoácidos e sais, ficam proteínas e células. Imagine coar café: a água desce, o pó permanece. A pressão depende de duas “torneiras” (entrada/saída do sangue). Se a pressão sobe demais, danifica o filtro e proteínas ou células podem vazar.
🟠 2. Túbulo proximal = estação de resgate
O que é valioso não pode se perder. Aqui o rim resgata glicose, aminoácidos, sais e água. O processo exige energia intensa das mitocôndrias — por isso essa região é vulnerável à falta de oxigênio, excesso de sal e toxinas. É também a primeira a se beneficiar de estratégias mitocondriais que envolvem exercícios e dietas.
🔵 3. Alça de Henle = a serpentina
Começa o ajuste fino. O filtrado desce por um corredor em forma de U até o interior do rim, onde o ambiente é carregado de sal. Esse “mar de sal” puxa a água para fora, concentrando a urina. Manter o sal elevado exige muito das mitocôndrias — e por isso a região é frágil. Seus três inimigos são conhecidos: desidratação, uso repetido de anti-inflamatórios e contraste de exames.
Depois da serpentina, o filtrado passa pelo túbulo distal, onde o rim calibra sódio, potássio e cálcio — o último checklist químico. Em seguida, chega ao ducto coletor, a torneira regulada pelo hormônio antidiurético (ADH), que define: reter água e concentrar a urina, ou liberá-la e diluí-la.
🔹 O que isso significa na prática
Controlar a pressão arterial protege a peneira (glomérulo).
Hidratar-se bem protege a estação de resgate e serpentina (túbulo proximal e alça de Henle).
Evitar anti-inflamatórios em excesso preserva a energia e o fluxo sanguíneo para a estação de resgate e a serpentina.

👉 Assim, o néfron não é só uma palavra de livro. É uma linha de produção que decide, a cada segundo, o que o corpo guarda e o que elimina.
🔒 Agora os Membros PRO aprendem a usar creatinina e cistatina C para calcular função renal e massa muscular. Isso apoia o diagnóstico de insuficiência renal e sarcopenia.
Depois recebem o app Mapa do Rim, que faz esses cálculos de forma personalizada, prática e mais aprofundada.


Agora a pergunta que não quer calar - a creatina prejudica os rins?
💊 Suplemento da Semana - Creatina, NAC e Coenzima Q10
Em 2008, um ensaio clínico testou 10 g/dia de creatina por 12 semanas em adultos ativos (PubMed). Resultado: a cistatina C não aumentou, mostrando que a creatina não prejudicou os rins.
A cistatina C é um marcador confiável de função renal: não depende da massa muscular, mas se eleva em inflamação, obesidade ou desordens endócrinas.
No estudo, todos treinaram aeróbico supervisionado. O exercício protegeu o rim via melhora metabólica. A creatina somou ganhos de força e massa magra sem riscos renais.
Desde então, estudos em diabéticos tipo 2, idosos com Parkinson e pacientes vasculares reforçam o mesmo veredicto: a creatina é segura para os rins.
📊 Mais recentemente, dados do NHANES com quase 5.000 participantes mostraram que maior consumo de creatina na dieta se associou a menores níveis de cistatina C, até em pessoas com função renal já comprometida.
❓Não prova causa e efeito, mas deixa a provocação: creatina pode, além de segura, ajudar a proteger os rins?
🧬 NAC e CoQ10: suporte mitocondrial
A N-acetilcisteína (NAC) repõe glutationa, reduz estresse oxidativo e pode atenuar lesões ligadas a antibióticos, contraste e toxinas.
A CoQ10 alimenta a produção de energia, melhora inflamação e função vascular.
Ambos são seguros, com base bioquímica sólida, e atuam como apoio diante de estresse oxidativo e disfunção mitocondrial.
🔗 Você encontra NAC, CoQ10 e Creatina nos links indicados e pode usar o cupom contraacorrente para desconto.
🔒 Membros PRO aprendem agora, de forma prática, a suplementar seus pacientes para saúde dos rins, prevenção de cálculos e infecções.
🥑 Nutrição Fora da Curva — o que aprendemos sobre o rim e a dieta
Um ensaio clínico acompanhou 318 pessoas durante dois anos, testando três dietas: low‑carb, mediterrânea e low‑fat. Todas ajudaram a melhorar a função renal, mas low‑carb e mediterrânea tiveram um desempenho melhor; a low‑fat veio logo atrás.
O ponto em comum foi: perder peso, reduzir a insulina e manter a pressão controlada. Assim o glomérulo trabalha sem excesso de pressão, o túbulo proximal consome menos energia e a alça de Henle mantém o gradiente de sal em equilíbrio.
Onde esses efeitos atuam: menos insulina e pressão aliviam o glomérulo (menos hiperfiltração), reduzem o trabalho mitocondrial no túbulo proximal (menos sódio e glicose para reabsorver) e preservam o endotélio que irriga o rim. A albuminúria tende a cair, sinal de menor inflamação no tecido renal.
E o que explica o desempenho melhor da dieta low carb e da mediterrânea? Ainda que perder peso seja o fator mais importante, essas dietas promovem melhor estímulo mitocondrial, saúde vascular e nutrição celular.
Que tal excluir açúcares, processados e farinhas, e pôr no lugar ovos, abacates e oleaginosas?
Nota do estudo: participantes com creatinina >2,0 mg/dL (≈176 μmol/L) foram excluídos. Para quem está abaixo desse valor, vale monitorar/contar a proteína da dieta com apoio profissional e seguir acompanhando creatinina/eGFR e albuminúria.

🧬 Estratégias e Biohacks — preservação da função renal
Se você quer manter seus rins saudáveis, pense em três passos simples: mexer o corpo, cuidar da comida e, em alguns casos, jejuar.
1. Mexa o corpo
O treino aeróbico e de resistência, feito ao menos três vezes por semana, aumentou a taxa de filtração glomerular estimada em cerca de 5 mL/min/1,73 m² e baixou a pressão arterial.
2. Coma com estratégia
A dieta low‑carb ou mediterrânea, quando sustentada, reduz insulina de jejum, melhora a hemodinâmica glomerular, poupa a demanda mitocondrial no túbulo proximal e preserva o endotélio.
3. Jejue
Em diabéticos com microalbuminúria, ciclos mensais de fasting‑mimicking diet (FMD ou dieta-imita jejum) cortaram a albuminúria em cerca de 30 mg/g.
Aplicação prática: movimento frequente, perda de peso, carboidratos contados e de qualidade e, quando indicado, jejum terapêutico orientado. Resultados esperados em meses: taxa de filtração glomerular mais alta, pressão menor e queda da albuminúria.
🌙 Agora um pouco da arte mais bela do milênio passado: Audrey Hepburn cantando Moon River, para quem quer um respiro.
🎨 A Favor da Beleza - Moon River cantada por Audrey Hepburn
Audrey Hepburn cantando Moon River é mais que música: prova de que a arte do século passado é imortal.
Ela atravessou a guerra, perdeu o sonho de ser bailarina e transformou fragilidade em força.

Durante a segunda grande guerra, enfrentando a fome
No cinema, foi luz serena em Roman Holiday e Breakfast at Tiffany’s. Fora dele, dedicou os últimos anos à UNICEF, levando esperança a crianças — eco da própria infância marcada pela guerra.

Filme: Breakfast at Tiffany's (1961) — lançado no Brasil como Bonequinha de Luxo. 💎
O século passado foi tempo de grandes dores, mas também de grande beleza. Não podemos perder esse olhar: em tempos difíceis, precisamos nos espiritualizar e não esquecer de ver, ouvir e valorizar o que é belo.
👉 Moon River – Audrey Hepburn — inscreva-se no meu canal do Youtube e acompanhe a playlist do Dindo.
Para não esquecer:
🔵🟠Contra a Corrente PRO é aplicação clínica real.
Toda semana, uma edição exclusiva para usar já na sua próxima consulta.
Mais que conteúdo:
✅ Curso completo de suplementação
✅ IAs clínicas para decisões seguras
✅ Comunidade com profissionais fora do óbvio
✅ Materiais bônus e novidades frequentes
Se você é profissional de saúde, estudante ou biohacker, entre para o PRO agora.
🧪 Como você avalia a edição de hoje?
Gostou da edição dessa terça?
🚀 Então compartilhe o canal com quem também cansou do óbvio. Já somos milhares que decidiram nadar contra a corrente.
E inscreva-se na comunidade gratuita do Telegram para mais conteúdo e aprendizado.
Dr. Christian Aguiar - Contra a Corrente
🔬 Referência:
Inker, L. A., Eneanya, N. D., Coresh, J., Tighiouart, H., Wang, D., Sang, Y., … Levey, A. S. (2021). New creatinine- and cystatin C–based equations to estimate GFR without race. New England Journal of Medicine, 385(19), 1737–1749. https://doi.org/10.1056/NEJMoa2102953 New England Journal of Medicine
Shlipak, M. G., Matsushita, K., Ärnlöv, J., Inker, L. A., Katz, R., Polkinghorne, K. R., … Gansevoort, R. T. (2013). Cystatin C versus creatinine in determining risk based on kidney function. New England Journal of Medicine, 369(10), 932–943. https://doi.org/10.1056/NEJMoa1214234 PubMed
Kashani, K. B., Sarvottam, K., Pereira, N. L., Barreto, E. F., & Kennedy, C. C. (2017). Evaluating muscle mass by using markers of kidney function: Development of the sarcopenia index. Critical Care Medicine, 45(1), e23–e29. https://doi.org/10.1097/CCM.0000000000002013 Lippincott
Gualano, B., Ugrinowitsch, C., Novaes, R. B., Artioli, G. G., Shimizu, M. H., Seguro, A. C., Harris, R. C., & Lancha Jr., A. H. (2008). Effects of creatine supplementation on renal function: A randomized, double-blind, placebo-controlled clinical trial. European Journal of Applied Physiology, 103(1), 33–40. https://doi.org/10.1007/s00421-007-0669-3 PubMed
Nedeljkovic, D., Baltic, S., Todorovic, N., & Ostojic, S. M. (2025). Creatine intake is not associated with elevated circulating cystatin C levels in individuals with and without kidney dysfunction in the general population. Journal of the American Nutrition Association, 44(4), 338–341. https://doi.org/10.1080/27697061.2024.2432484 PubMed
Sulaj, A., Kopf, S., von Rauchhaupt, E., Kliemank, E., Brune, M., Kender, Z., … Nawroth, P. P. (2022). Six-month periodic fasting in patients with type 2 diabetes and diabetic nephropathy: A proof-of-concept study. Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, 107(8), 2167–2181. https://doi.org/10.1210/clinem/dgac197 PubMed
Cukoski, S., Weimbs, T., Schaefer, F., … Müller, R.-U. (2023). Feasibility and impact of ketogenic dietary interventions in polycystic kidney disease: KETO-ADPKD—a randomized controlled trial. Cell Reports Medicine, 4(11), 101283. https://doi.org/10.1016/j.xcrm.2023.101283 PubMed
Tirosh, A., Golan, R., Harman-Boehm, I., Henkin, Y., Schwarzfuchs, D., Rudich, A., … Shai, I. (2013). Renal function following three distinct weight loss dietary strategies during 2 years of a randomized controlled trial. Diabetes Care, 36(8), 2225–2232. https://doi.org/10.2337/dc12-1846 PubMed
Williams, G., Stothart, C. I., Hahn, D., Stephens, J. H., Craig, J. C., & Hodson, E. M. (2023). Cranberries for preventing urinary tract infections. Cochrane Database of Systematic Reviews, (11), CD001321. https://doi.org/10.1002/14651858.CD001321.pub7 Cochrane
Hayward, G., et al. (2024). d-Mannose for prevention of recurrent urinary tract infection among women: A randomized clinical trial. JAMA Internal Medicine. https://doi.org/10.1001/jamainternmed.2024.0264 JAMA Network
